Wednesday, October 31, 2007

desabafo

ao Lucílio Manjate

Cuspiu desdém ante meu eterno desejo
Desiludido enforquei-me na beer
Desdenhei minha vontade de viver
E adoptei este sufoco escrever

Não quis mais nada saber sobre mim
Nem de Deus que me deu este sentimento
Fui cativado pelo diabo da solidão
Ao apaixonar-me pela sua filha

A chama doce apagou-se na minha alma
E andei vagabundo a procura de mim
Cismei em comprar prazer lá na baixa
Mas terminei na Toilet com minha mão ensaboada

Foi auto - desvirgindade
Mas porque a lei não proíbe, aventurei
Matei o primogénito da minha puta sina
Quando larguei o gemido do meu túnel


Meu vizinho ficou surdo
As velhas vieram mendigar de pernas asteadas
Era mel puro, doce
E todas mulheres estavam lá
Até aquela puta por quem me apaixonei

Ao meu filho

05/07/03

Uma história triste
Consumava a minha época
Naquela geração de namoricos

Uma paranóia apareceu
Achei melhor guardar
Essa aventura inédita da minha paixão
Eterna pela sua mãe

Ser poeta

Não sou poeta nem coisa alguma
Sou sim um Cágado pendurado
Nas saliências das nádegas

Não sou poeta, mas sim outra coisa qualquer
Sou um mito, uma utopia, um sonho lindo
Que acaba no despertar manso dos olhos

Não sou poeta, sou um pato em cio
Um arrastador de asas ante coxas
Das belas matangas que cintilam
No rodapé do meu olhar

Não sou poeta, sou toxico-independente
Que vive de paranóias, dos loucos pensares
Que me açambarcam a paz

Não sou poeta, filósofo seria hipérbole
Sou homem diferentemente igual a todos
Que frustrado da vida e sem poder dizer a ninguém
Cria intimidades com o papel

Descontentamento

Fui derramado nas palmas do coração
De quem é conceito de dúvida de Sócrates
Sinto ausência da sua voz gotejando
No silêncio da minha surdez

Não vou enganar meu coração
Me é incógnita a ordem e o ritmo dos signos!
Cuspi meu amor na estupidez dos homens, foi tudo a toa
A sarça continua a florir em mim

Agora pereço de saudades tuas
Já ví o mundo desabar, o sol já me escondeu o dia
A lua já me sequestrou a noite, já vi tudo e de nada recordo
Única coisa que sei é que te beijei pela última vez
Na última noite de inverno

Ainda te espero

Cantou o galo chamado pelo dia
Fugiu o sol deixando tudo para lua
A lua trouxe consigo as estrelas
Tudo cintilava como seu manso sorriso

A noite estava linda, todos felizes
Infeliz estava eu, estavas tú
Porque não podíamos repartir o amor

A noite se escondeu de mim
O dia veio e me ignorou
Andava feito um mutilado
Olhava feito um cego
Falava com voz do mudo
Ouvia como ouve o surdo

Tudo era menos claro e mais obscuro
Pedi a Deus que me castigasse o dobro
Pedi para levar nas minhas costas
Também seu pecado

Pedi para que o dia fosse mais transparente para si
Implorei a noite para te acolher
E que todos te amparassem
Tudo para que no seu regresso
Encontres bamito apaixonado com beijo
Estendido na cara para si
Não tocarei no seu olhar
Para não inundar meu coração
Neste momento tão suave e sublime
Que me torna asa dos flamingos
Que já não adejam no Língamo

Tenho meu olhar, tenho-o todo meu
O amor já não, é todo seu
Apesar de coabitar neste silêncio
Com a minha velha esperança

Não! Não é sina em jogo
É ser improdutivo sem nunca
Se interessar em abrir o jogo
Ser como nuca que segue a testa
E a carroça que segue o Burro.

Primeiro, o amor não se encontra em leilão
Muito menos como bandeja empanturrada de leitão;
Segundo, manduca que trabuca
Terceiro, já não sei

Meu Nyanga

Vossos tinyangas querem carros
Vossos tinyangas querem dinastias
Até manadas de mulheres
Vossos tinyangas querem

Vossos tinyangas existem
Vossos tinyangas tem poder na face da terra
Vossos tinyangas são mágicos como Ismael

Meu nyanga não quer carro, quer meu coração!
Meu nyanga não quer casa tem meu espirito
Meu nyanga tem me a mim

Meu nyanga tem poder sobre tudo e todos
Guia o tempo e o espaço, a vontade e o desejo
Ele não é tinyanga mas sim xikwembo
O vosso nyanga se chama Doutor kupula-shwontlhe.